INÍCIO

sábado, 26 de abril de 2014

A ILUSÃO DO REAL (SET/04)


      Uma estátua de ouro com pés de barro seria uma imagem que muito bem representaria a nossa moeda – o real.
      Sabemos que, além do arrocho salarial, um dos mecanismos utilizados pelo governo para baixar a inflação, temporariamente, é a utilização dos recursos cambiais, para manipular o valor do real, via controle do dólar.
      A reserva cambial é gerada em função do saldo da balança comercial positivo (resultado do valor das exportações menos o valor das importações).
      Mas, afinal, como você acha que o governo conseguiu esses dólares, que constituem o saldo positivo da balança comercial?
      Bem, isso salta aos olhos de todos aqueles que querem enxergar. São as nossas riquezas que estão sendo mandadas para o exterior, à custa da sangria do povo. Afinal, o povo brasileiro precisa não ter condição de comprar para sobrar, principalmente num modelo monetarista, no qual não se incentiva a produção, mas a especulação (modelo utilizado por FHC). É a receita do FMI.
      Mesmo assim, essa reserva em dólar é um engodo, se considerarmos a enorme dívida externa que o país tem, em troca de nada. Nesse caso, a moeda é tão instável quanto é instável a reserva cambial. Portanto, até quando o governo terá condições de manter essa ilusão do saldo da balança comercial positivo? Haja arrocho!
      A moeda não encerra valor em si. É um valor representativo. Logo, só será forte quando representar uma economia forte. E economia forte, de verdade, se faz com produção real, e não com especulação.
      Mas eu pergunto: e quando o governo não dispuser de uma reserva suficiente para segurar o valor do dólar? Certamente que a ganância dos oligopólios e dos cartéis irá continuar. Então, o que fará um governo bonzinho para com os maus empresários? E se esse governo for o Sr. Fernando Henrique? (Que Deus nos livre dessa infelicidade!)
      Em sua gestão, como ministro da Fazenda, ele revelou-se politicamente fraco. Não conseguiu aprovar as medidas justas, que fariam com que as elites do país contribuíssem, com a sua parte, para o ajuste do seu plano econômico. Ou você já esqueceu isso também?
      Não é à toa que os maus empresários, aqueles mesmos que financiaram a campanha eleitoral do Sr. Fernando Collor, e os partidos políticos mais conservadores, comprometidos com as piores oligarquias e com os piores vícios do país, como o PFL, elegeram-no candidato preferencial à presidência da República.
      Eu sou democrata convicta. Todavia, não devemos confundir a liberdade da democracia com a libertinagem do poder econômico. Não se pode falar em “mercado livre” com alguns senhores que preferem jogar no lixo toneladas de alimentos, ao invés de baixarem os preços dos gêneros, de acordo com a lei de mercado: procura X oferta.

      O povo brasileiro, nessa fase da nossa história, em que é muito pobre o nosso poder democrático, em função das próprias condições que lhe têm sido impostas, principalmente da carência em educação e de uma mídia comprometida com o sistema vigente, precisa de um líder, com autoridade, para dar um basta nesta ditadura do poder econômico, que nos tem subjugado.

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