A
violenta queda nas bolsas, iniciada em Hong Kong, atingiu vários países,
PROPORCIONALMENTE A VULNERABILIDADE DAS SUAS RESPECTIVAS ECONOMIAS. Alguns
países nem balançaram, até mesmo na América Latina, como foi o caso do Chile.
Já
entre nós, brasileiros, os efeitos têm sido devastadores para os que vão pagar
essa conta.
Banqueiros
de prestígio vinham alertando para a iminente derrocada do sistema financeiro
mundial. Johannes Zahn, banqueiro, ex-primeiro diretor-executivo do Banco Mundial,
observou que “os bancos centrais estão sob ditadura do mercado financeiro.” Já o Sr. Candessus, diretor geral do FMI declarou
“que o mundo está a ponto de uma crise bancária devastadora.”
Ninguém
em sã consciência é contra o real. O que se questiona é a forma como ele vem
sendo administrado.
A
opção do presidente FHC sempre foi no sentido de salvar os especuladores em
detrimento da produção.
É
verdade que agindo assim ele está, tão somente, seguindo as diretrizes traçadas
pelas elites dominantes nacionais e estrangeiras. Afinal, para que promover o
crescimento real das empresas, se podem ter lucros espetaculares investindo na
especulação?
A
principal atividade de uma empresa, que deveria ser a de produzir, foi
substituída pela jogatina nas bolsas, tendo como estimulador o próprio governo,
que utiliza para isso recursos do BNDES, das estatais e seus fundos de pensão.
Valores que poderiam ser utilizados para alavancar o desenvolvimento econômico,
para gerar riquezas efetivas.
É
óbvio que um sistema econômico, fincado em areia movediça, a qualquer momento
pode afundar. Conforme estamos sentindo na própria pele.
As
nossas reservas cambiais estão cada vez mais reduzidas, tendo como uma das
principais causa o fato de estarmos comprando produtos do exterior (importando)
muito mais do que vendendo (exportando), para liquidar os nossos débitos o
governo toma dinheiro emprestado dos especuladores estrangeiros, mediante o
pagamento de juros exorbitantes.
Cada
vez mais papéis podres são emitidos, sob os mais variados títulos (precatórios,
papéis de renda fixa, etc.). Desse modo, a exemplo do que acontece com a dívida
interna, a dívida externa também só tem aumentado. Só que, obviamente, esses
especuladores, tanto os daqui quanto os de fora, não vão ficar com esses papéis
podres nas mãos eternamente, e, como eles têm papéis suficiente para manipular
e manobrar o sistema financeiro de todo o mundo, forçam uma situação na qual os
devedores têm que pagar, de qualquer maneira, nem que seja com o sangue, suor e
lágrimas do povo. Daí o “saco de maldades” do presidente FHC, divulgado em
10.11.97, para sinalizar aos credores que o governo não se desviará da rota
traçada.
Dentre
as medidas de ajuste propostas nesse pacotaço, destaco como uma das mais
covardes, do meu ponto de vista: a suspensão, por três meses, da concessão de
benefícios para deficientes físicos e idosos com mais de 70 anos. Um autêntico
atentado à vida. Só um governante perverso, sem sentimento, sem Deus, poderia
propor uma medida tão covarde como essa. Felizmente, porém, pelo menos essa, de
tão imoral que era, foi rejeitada pelo Congresso.
Igual sorte não teve a medida relativa à
demissão de 33 mil funcionários públicos. Ora, que culpa tem esses servidores
se o governo optou por executar uma política suicida? Se, por exemplo, preferiu
utilizar os recursos do BNDES para patrocinar as privatizações e promover a
jogatina nas bolsas? Por que não utilizou os recursos disponíveis para promover
o crescimento real do país? Segurar a inflação arrochando o povo para não ter
renda, ao invés de promover o aumento da produção, é fácil para os covardes e
imorais a serviço do capitalismo selvagem.
Conforme manifestação do Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro, referindo-se a FHC e a camarilha que está no poder: “São insuperáveis em matéria de maldade, por perseguirem os mais indefesos.”
Conforme manifestação do Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro, referindo-se a FHC e a camarilha que está no poder: “São insuperáveis em matéria de maldade, por perseguirem os mais indefesos.”
Quando FHC diz que seu pacotaço não atingiu as camadas menos
favorecidas, faltou com a verdade. Não precisa ser economista nem sociólogo
para perceber que qualquer medida que atinge os trabalhadores e a classe média
tem efeitos multiplicadores na economia, QUE AFETAM DRASTICAMENTE A ESTRUTURA
SOCIAL DO PAÍS.
Não
tenho dúvidas de que FHC, como todos os seus antecessores neoliberais, a
diferença é que ele acelera o processo, está promovendo um nivelamento, por
baixo, das condições de vida do povo. Ou será das condições de morte?
Com
a queda da classe média, há uma disputa mais acirrada na base, na luta pela
sobrevivência. Com isso muitos são excluídos do processo. É a empregada
doméstica que já não consegue mais emprego (eu já dispensei a minha há muito
tempo), é o trabalhador que é demitido, da lojinha da esquina, que cerra as
suas portas, etc. Resultado: mais fome, mais miséria, mais violência...
A
ONU revelou, em seu relatório anual de 1997, sobre o Desenvolvimento
Humano: “a globalização tem aumentado a distância entre ricos e pobres.” É cada
vez maior o número de pessoas que sobrevivem abaixo da linha de pobreza (o
equivalente a um dólar por dia). Atualmente, na América Latina, mais de 24%
está nessa situação.
Em
contrapartida, porém, refletindo insensibilidade, os países ricos vêm
diminuindo o valor de suas doações aos mais pobres. Em 1996, essa redução foi
de US$ 3,8 bilhões.
O
que precisa ser percebido pelos trabalhadores e pelos povos, em geral, é que O
ESTRAGO DE UM PAÍS, numa economia globalizada, AFETA A TODOS. Menos, é óbvio,
aos megaempresários, principalmente do sistema financeiro. Pois, é evidente o
processo de transferência de renda da humanidade para esses gângsteres. Somos
vítimas desse processo de deterioração da economia, caracterizado pela
valorização artificial da moeda (títulos, ações, papéis de renda fixa, etc.),
que gera, como consequência, a deterioração da vida.
Nos
países mais ricos os efeitos são menores, nem por isso menos devastadores, em
longo prazo.
Não
tenho dúvidas de que estamos vivenciando uma neoguerra, forjada pelo império do
mal. Somos assaltados, saqueados, espoliados. Nessa guerra eles não gastam uma
bala sequer. Não precisa. Basta impor uma situação na qual as pessoas
destruam-se umas às outras, na luta pela sobrevivência.
Não
vejo diferença entre o HOLOCAUSTO, a que foram submetidos milhares de judeus,
por ocasião da Segunda Guerra Mundial, e o SACRIFÍCIO que tem sido imposto a
milhões de famintos, condenados à morte por inanição. Portanto, em que se
julgam melhores que Hitler os governantes da era global, disseminadores da miséria
e da fome? Do meu ponto de vista, são iguais.
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Nota:
Os fatos narrados deixam claro que a política econômica e social estão inter-relacionadas.
Sou uma vítima da covardia imposta pela política econômica e social do FHC aos trabalhadores. Confira aqui.
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