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A ILUSÃO DO REAL (SET/94)
Uma
estátua de ouro com pés de barro seria uma imagem que muito bem representaria a
nossa moeda – o real.
Sabemos
que, além do arrocho salarial, um dos mecanismos utilizados pelo governo para
baixar a inflação, temporariamente, é a utilização dos recursos cambiais, para
manipular o valor do real, via controle do dólar.
A
reserva cambial é gerada em função do saldo da balança comercial positivo
(resultado do valor das exportações menos o valor das importações).
Mas,
afinal, como você acha que o governo conseguiu esses dólares, que constituem o
saldo positivo da balança comercial?
Bem,
isso salta aos olhos de todos aqueles que querem enxergar. São as nossas
riquezas (inclusive alimentos que o povo não tem condições de comprar – é para
isso que serve o arrocho), que estão sendo mandadas para o exterior, à custa da
sangria do povo. Afinal, o povo brasileiro precisa não ter condição de comprar
para sobrar, principalmente num modelo monetarista, no qual não se incentiva a
produção, mas a especulação (modelo utilizado por FHC). É a receita do FMI.
Mesmo
assim, essa reserva em dólar é um engodo, se considerarmos a enorme dívida
externa que o país tem, em troca de nada. Nesse caso, a moeda é tão instável
quanto é instável a reserva cambial. Portanto, até quando o governo terá
condições de manter essa ilusão do saldo da balança comercial positivo? Haja
arrocho!
A
moeda não encerra valor em si. É um valor representativo. Logo, só será forte
quando representar uma economia forte. E economia forte, de verdade, se faz com
produção real, e não com especulação.
Mas
eu pergunto: e quando o governo não dispuser de uma reserva suficiente para
segurar o valor do dólar? Certamente que a ganância dos oligopólios e dos
cartéis irá continuar. Então, o que fará um governo bonzinho para com os maus
empresários? E se esse governo for o Sr. Fernando Henrique? (Que Deus nos livre
dessa infelicidade!)
Em
sua gestão, como ministro da Fazenda, ele revelou-se politicamente fraco. Não
conseguiu aprovar as medidas justas, que fariam com que as elites do país
contribuíssem, com a sua parte, para o ajuste do seu plano econômico. Ou você
já esqueceu isso também?
Não
é à toa que os maus empresários, aqueles mesmos que financiaram a campanha
eleitoral do Sr. Fernando Collor, e os partidos políticos mais conservadores,
comprometidos com as piores oligarquias e com os piores vícios do país, como o
PFL, elegeram-no candidato preferencial à presidência da República.
Eu
sou democrata convicta. Todavia, não devemos confundir a liberdade da
democracia com a libertinagem do poder econômico. Não se pode falar em “mercado
livre” com alguns senhores que preferem jogar no lixo toneladas de alimentos,
ao invés de baixarem os preços dos gêneros, de acordo com a lei de mercado:
procura X oferta.
O povo brasileiro, nessa fase da nossa
história, em que é muito pobre o nosso poder democrático, precisa de um líder, com
autoridade, para dar um basta nesta ditadura do poder econômico, que nos tem subjugado.
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