Esse negócio de dizer que, com o real, o povo
vai bem, obrigado, é coisa da mídia. Pois, se tem melhorado para uns, tem
piorado para tantos outros, em maior quantidade. Vamos aos fatos:
É
real que alguns estão se beneficiando. Mas, quem são essas pessoas que estão
sendo beneficiadas, e quem está pagando essa conta, ou vai pagar no caso do
rombo nas contas públicas, que têm aumentado a cada ano, mesmo com as
privatizações?
Fazendo
aqui um parêntese, segundo estudo do economista Fernando Ribeiro, do Instituto
de Pesquisa Aplicada (IPEA), só a dívida desde ano, 1997, será de mais de US$
20 bilhões. Portanto, vender a Vale do Rio Doce, uma das maiores empresas
mineradoras do mundo, por valor abaixo do valor da empresa Nabisco (empresa
norte americana de biscoito que foi vendida por US$ 28 bilhões), como fez FHC,
não cobre nem os juros da dívida que, em 1997, deve ser de US$ 10,5 bilhões.
Mas,
voltando a nossa análise, em outros tempos FHC, em seu livro social-democracia,
dizia o seguinte: “Para que um ajuste da economia funcione, realmente, vai ter
que sacrificar quem até hoje foi poupado: os mais ricos dentro do Brasil, e os
credores da dívida externa que naturalmente vão resistir a isso.”
Contraditoriamente
ao que dizia FHC (e a Sra. Brigitte Leoni ainda diz que ele não mudou), creio
que todos se lembram de quem foram os sacrificados à época da implantação do
real. Por isso vou concentrar a minha análise no que ocorreu mais recentemente,
em especial no ano de 1996:
Considerado
como “o ano de ouro dos bancos”, pelo sindicato dos bancários, em virtude dos
lucros astronômicos obtidos, 1996 entrou para a história. O Bradesco, por
exemplo, teve um lucro espetacular, R$ 824 milhões, “o maior já atingido por
uma empresa privada nacional.”
Segundo
relatório da Consultoria de Investimentos Sirotsky & Associados, o setor
financeiro foi o que apresentou os maiores lucros, nos últimos dez anos. Em
contrapartida, os bancos estão entre as instituições que mais demitiram. Em
1996, só no Rio de Janeiro, foram demitidos 7.736 trabalhadores.
Os
bancos que têm quebrado têm sido por má administração e/ou administração
fraudulenta. Por exemplo, o Bamerindus, um dos bancos quebrados, foi um dos
principais financiadores da campanha eleitoral do presidente FHC. E o caso da
pasta rosa, do banco Econômico, também falido? Essa pasta continha documentos
que se constituíam em sérios indícios do envolvimento irregular desse banco em
campanhas eleitorais de alguns senhores da cúpula política nacional, aliados do
presidente FHC. Caso digno de uma CPI, que foi jogado para debaixo do tapete.
Mas,
voltando ao lucro astronômico dos bancos, em 1996, seria maravilhoso se isso
tivesse sido fruto de um crescimento espetacular também da nossa economia.
Contudo, sabemos que, nesse ano houve uma retração do nosso crescimento
econômico, o qual não chegou a 3%.
A
divulgação de informações pelo Banco Mundial, sobre o volume de investimentos
dos países ricos nos países do Terceiro Mundo: Em 1996, no Brasil, houve um
decréscimo. Em 1995 foram investidos US$ 19 bilhões, em 1996 caiu para US$ 14,7
bilhões.
Portanto,
precisamos ficar atentos, pois, ainda que estivessem aumentando os
investimentos, no Brasil, que não é o caso, algumas questões teriam que ser respondidas:
Em
que estão investindo?
Quem
está lucrando?
O
que estão levando ou irão levar em troca desses investimentos?
Infelizmente,
a verdade é dura: para que aumentar os investimentos, no Brasil, se estão tendo
um ganho de capital, através dos juros escorchantes que o governo está pagando
para atrair o capital especulativo, e, desse modo cobrir o rombo de suas contas
no exterior? Sabemos que essa tem sido a estratégia do governo, diante dos
constantes déficits na balança comercial (valor da importação maior que o da
exportação).
Quanto
aos bancos, dentro do Brasil, para que financiar a produção FIO se podem obter
lucro fácil como, por exemplo, através da negociação dos títulos podres (papéis
sem lastro) com o governo? Ora, se
os bancos aqui dentro e lá fora estão tendo lucros fabulosos, com o Brasil, e
isso não é fruto de um grande crescimento da economia como um todo, É CLARO, É
OBVIO, É LÓGICO QUE ISSO ESTÁ OCORRENDO POR UM PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA DE
RENDA, que salta aos olhos, refletida no aumento do desemprego e na dificuldade
que os jovens têm para conseguirem o seu primeiro emprego, pois, segundo dados
da Fundação Seade e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômico (Diese), em 1996 essa dificuldade cresceu 21% para os jovens
entre 18 e 24 anos, e 38,7% para os jovens entre 15 e 17 anos; e na perda do
poder aquisitivo dos trabalhadores, com aumento de despesas, que representam
rombos em seus salários, como, por exemplo, o reajuste das tarifas públicas do
governo que, só em 1996, foi de 112%.
MODERNIDADE?
PRA ELES
Eles
vivem a defender
A
tal de modernidade
Mas
isso é coisa pra eles
E
não pra toda sociedade
Muito
pelo contrário
A
coisa ainda fica pior
Para
aumentar os seus lucros
Demitem
o trabalhador
Veja
nos bancos o exemplo
Onde
as filas continuam
Pra
eles todo conforto
Pro
povo a verdade mais crua
Não
se importam se o cliente
Padece
na fila a esperar
O
que lhes importa mesmo
É
ver seus lucros aumentar
Querem
a tal modernidade
Em
proveito pessoal
Pro
resto da sociedade
O
“apartheid” social
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